15 de nov. de 2005

Devaneios...

Há diversas formas de noite.
A noite luminosa, recoberta de promessas e sutilezas. Pura magia, mistura simbólica de sonho e realidade retida em uma dobra resguardada do tempo e do espaço comuns, isenta de toda a degradação.
A noite tormentosa, de segredos que, não podendo calar, saltam e arremessam-se contra os seus carcereiros e, indiscriminadamente, atingem qualquer um que esteja próximo.
A noite lúgubre, de maus presságios, de violência e deterioração. Período de quedas e de insurgências, onde a alma revolta-se contra si mesma e põe-se a perder.
A noite de paz, do sono calmo, da consciência tranqüila. A personificação do descanso, da pausa, da recomposição. Aquela que está em comunhão com o dia que se foi e com o que virá.
A noite inquieta, que sujeita as suas vítimas à tortura do revirar-se entre os lençóis, enquanto lhes subtrai o sono e substitui-o por angústias e preocupações que não se resolvem.
A noite perversa, de falsas alegrias, de pura mentira, de engano e traição.
A noite misteriosa, que, mesmo ocultando, parece revelar os faunos e as fadas, os magos e as bruxas, os anjos e os demônios, seja nas sombras profundas que se estendem por além dos bosques, seja nas sombras profundas que se estendem por além de nossas consciências.
A noite alegre, do riso fácil, da dança, dos amigos, da tonturinha, da catarse dos pequenos males cotidianos, do flerte e da puerilidade sadia.
A noite estúpida, que é a noite alegre que passou da conta.
A noite de luxúria, que é a noite de luxúria.
Tantas são estas noites e tantas outras mais há...