18 de out. de 2005

Devaneios...

Há um vento frio soprando do sul... Sempre há...
Queremos calor, insólito calor que envolve, protege e deixa crescer.
Lembro do filme A Encruzilhada...
Willie Brown de volta ao local onde houvera, muitos anos antes, feito um pacto com o diabo, tal e qual conta o mito sobre Robert Johnson.
O que pretendia agora Willie Brown? Simplesmente desfazer o pacto.
Obviamente, o contratado apresenta um papel onde consta a assinatura do contratante e fala calmamente que, segundo aquele papel, o acordo ainda estava valendo.
Willie Brown resmunga, reclama, protesta, nada foi como ele queria. Não ficara rico, estava velho e doente. É, nada tinha sido como ele queria...
O diabo simplesmente responde:
- Willie Brown, nada nunca é do jeito que nós queremos!
(Por que sempre é o diabo que tem mais bom senso nas histórias?)
Ele tinha razão, toda a razão...
Nada nunca é do jeito que queremos! Nada nunca acontece no tempo que esperamos. Ou aquilo que desejamos não acontece, ou, se acontece, não é como tínhamos desejado. Faz chuva quando queremos sol, faz sol quando precisamos de chuva. Estamos rodeados quando queremos ficar sós, estamos sós quando precisamos de alguém. Coisa maluca, mas a vida é assim...
Isto até poderia ser um fato que nos desanimasse, se não fosse por um pequeno detalhe...
Acreditamos demais nos nossos desejos!
Penso que uma das coisas que mais nos enganam são justamente os nossos desejos. O problema não está no impulso que nos arremessa em direção às coisas, porque isto é próprio da vida, este movimento, esta intenção. O problema sempre esteve na forma como compreendemos este impulso. Pouco entendimento temos de nós mesmos e mais do que reclamar da oscilação do mundo frente aos nossos desejos, deveríamos nos quedar inquietos com as oscilações de nossos desejos diante do mundo.
Procuramos vida, procuramos alegria, procuramos felicidade, mas com muita freqüência onde elas não estão...

Nada nunca é do jeito que queremos! Ainda bem!